quinta-feira, 21 de julho de 2011

Super Bock Super Indie @ Meco parte 2

Capitulo 4 - Concertos

Depois de uma primeira parte de desabafos, porque entendi que estes problemas devam ser expostos, para que possívelmente alguém abra os olhos, vai se agora ao que interessa e à razão para que me desloquei lá e fiz estes sacrificios todos. Não me vou alongar muito para não tornar a leitura cansativa.

4.1 - Primeiro dia

Chegado ao recinto depois de muito desespero, dirigi-me ao palco edp para ver um pouco de The Glockenwise, já que a rádio Radar lhes faz tanta publicidade, tinha alguma curiosidade, mas rapidamente fiquei desiludido, pois se os Hives já são cópias de cópias, esta banda nem se fala, já não há paciência para estas bandas de garage rock.
Dirigi-me então ao palco principal, para ver uma banda que é portadora daqueles hypes estranhos que só em Portugal acontecem, os The Walkmen, revelaram-se então um valente bocejo, pois todas as músicas me pareceram iguais.
Chegadas as 21 horas, eis que se chega ao momento mais esperado da tarde/noite, os Tame Impala iam entrar em palco, são australianos e usam e abusam de delays, phasers, juntando-se o facto, de actuarem ao pôr do Sol, conseguiram criar um ambiente psicadélico incrível. Não faltaram momentos altos, como por exemplo em Solitude is Bliss, What won't Your Make up Your Mind? e Expectation, foram de facto irrepreensíveis e sem dúvida a actuação do dia.


Saltinho à tenda electrónica, pois aconselharam-me que Nicolas Jaar, poderia ser do meu interesse, e realmente foi uma grande surpresa, dub, minimal, e até acid jazz, foram a receita para me render.
Os próximos a seguirem foram os El Guincho, que apesar de terem uma música que me fica imenso no ouvido, tornam-se bastante aborrecidos para se ouvir em casa, ao vivo fica-se um pouco com melhor impressão, mas acho que por problemas técnicos, a actuação ficou sem o impacto que deveria ter.
Já actuação dos Beirut tinha começado, quando cheguei, são engraçados para se ouvir em determinadas alturas, mas ao vivo, soa um bocado mal, por vez julguei estar a ver a fanfarra da terrinha, o som pareceu-me desequilibrado, e mais não sei, que não fiquei com vontade de terminar e fui jantar.
Enquanto os cabeças de cartaz não começavam, mais uma investida flash para ir espreitar a Lykki Li, mais um flop.
Não que os fosse ver de propósito outra vez, mas tinha alguma curiosidade de voltar a ver Artic Monkeys, três discos depois, e outros tantos concertos por cá, após a estreia a que assisti no Paradise Garage, tinha um bocado curiosidade de ver a evolução desta banda. Deram um concerto competente, usando as suas armas, e safaram-se bem, apesar de momentos mais aborrecidos, claro que os momentos altos foram sem margem para dúvidas a melhor parte e as músicas que tiveram mais impacto.

4.2 Segundo dia

Apesar dos cabeças de cartaz serem algo de meter inveja a qualquer festival, a verdade é que o resto das bandas dava um pouco a sensação que foram ali metidas para encher chouriços, e o outro ponto de interesse seria ver o génio da música portuguesa Rodrigo Leão.
Começou-se as hostilidades com um concerto muito fraquito de uma tipica banda americana radio friendly os L.A..
Muita curiosidade havia para ver o Rodrigo Leão, e não era para mais, ia ver a mente brilhante por de trás da primeira fase dos Madredeus. A solo, adoro a parte instrumental, mas quando mete voz, fico um pouco de pé atrás, e isso voltou-se a confirmar ali. Resumindo apesar de não ter sido excepcional deu para entreter.
B-fachada, simplesmente mau, a voz entrou directamente para o top ten das coisas que mais detesto na música.
The Legendary Tiger Man, serviu para acompanhar as longas filas em busca de comida, blues competente mas que não me encanta.
Após corrida lá para frente, e passado alguns momentos de ansiedade, eis que os Portishead entram em palco, não sabia bem o que esperar, mas o certo é que fui surpreendido pela positiva, e assinalaram uma das prestações do festival, a voz da Beth, soa ainda mais emotiva e profunda ao vivo, é mesmo qualquer coisa de espectacular, a parte musical também esteve ao nível da voz, e desfilaram praticamente todas as suas melhores canção, se bem que para mim podiam tocar o Third todo, e souberam provocar uma viagem alucinante. Triste foi verificar, que a maior parte das pessoas que se afirma fã de Portishead, apenas conheça a Glory Box, já que a empatia entre o público e banda apenas se verificou aí e nos restantes temas do Dummy. Fiquei fascinado também com as imagens que passaram durante o concerto, que maravilha, foi como que ver o concerto de outra perspectiva.

De seguida, subiu ao palco a única banda que foi capaz de superar e em muito a actuação dos Portishead. Os Arcade Fire, são realmente uma máquina de palco, verdadeiros artistas, não são daquelas bandas que apesar de o publico estar completamente eufórico, actuam em velocidade de cruzeiro. A energia e a entrega, é de facto fascinante, e mesmo com alguns problemas técnicos, devido à deficiente mistura e equilíbrio dos instrumentos em palco, souberam dar uma actuação com uma potência de fazer corar qualquer banda de metal extremo "bué mauzão". O set constituiu-se por um desfilar de exitos da banda, com grande enfoque nos temas de Funeral (não esperava tantos, mas ainda bem) e em The Suburbs o novo álbum, músicas como Wake Up, Rebellions ( Lies), Ready to Start e The Suburbs ficaram monstruosas ao vivo, e ainda a ajudar o facto do público saber as letras de trás para a frente. O facto de os músicos andarem sempre a trocar de lugares quanto aos instrumentos, é outro ponto de interesse, e revela uma grande sincronização entre todos os elementos. De referir também a componente cénica, com uns bons videos em projecção. Não sei bem que dizer mais, todas as palavras me parecem insignificantes para descrever o que presenciei ali, vai de entrada directa para o meu top de concertos.

4.3 - Terceiro dia

Tirando o primeiro dia que foi equilibrado, este terceiro sofreu do mesmo problema do segundo, um cartaz com um único ponto de interesse os cabeças de cartaz. Tornou-se mais uma vez difícil saber o que ver, já que praticamente não fazia questão de ver nada.
Comecei por X-wife, são engraçados, dá para bater o pé e mais nada. Os Paus, provaram mais uma vez porque os detesto, cópia de Battles mas mesmo descarada, e ainda outro ponto negativo, as vozes, aqueles cânticos faziam dores de cabeça e abalei dali.
Brandon Flowers, gosto do primeiro álbum de The Killers, então fui ver o que este senhor era capaz de fazer a solo, constatei que nada se parece com a sua banda, e é um desfilar de rock para rádios, e dei por mim a bocejar.
Junip, para além dos Strokes, eram a outra banda que conhecia relativamente bem, e ao vivo revelaram-se uma boa surpresa, mais uma vez deu para viajar, ao som do seu post-rock com a voz muito boa de José Gonzalez, o qual fico à espera de uma actuação em nome próprio.
Ian Brown, vocalista do Stone Roses, e mais nada, vi de longe, mas do que me apercebi foi muito mau.
The Vaccines, apenas conhecia os singles, são agradáveis de ouvir até à quarta ou quinta música, e depois fartam pois sofrem do síndrome de "Eu quero ter uma banda como os Joy Division".
Chegados ao fim da noite, o cansaço e a paciência já não era muita, mas teria de se fazer um esforço para ver uma das minhas bandas favoritas, os The Strokes, não fazem nada de novo, mas o certo é que quando as coisas são bem feitas vale apena ouvir, e é o que se passa com eles, qualquer música tem potencial de ser single. Após ter tido a infelicidade de escolher um mau local para se começar o concerto, vi-me obrigado a voltar para trás, o que retirou um bocado de impacto. Apesar de a actuação ter sido competente, e o set ter sido bom, faltou qualquer coisa que à cinco anos atrás não faltou. A actuação acabou por saber a pouco apesar das dezassete ou dezoito músicas tocadas e nem um encore teve. Espero voltar a vê-los mas num recinto fechado, eles merecem outro tipo de ambiente.

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